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Mostrando postagens de 2017

O cheiro do Natal

No dia 17 aconteceu a Cantata de Natal na Igreja Reformada que pastoreio aqui em Itararé. Como sempre, momentos como estes são uma oportunidade de reviver a mensagem do amor de Deus, que veio ao mundo de forma tão humilde e singela. Assim como no primeiro Natal estiveram os humildes pastores das campinas de Belém, aqui também não faltaram as crianças da vila. Como acontece em todos os encontros do povo de Deus, também estiveram conosco a mesma multidão dos exércitos celestiais e também o Deus Menino. Também tinha um presépio especial feito pelo nosso paroquiano Robert J. Blümel. O presépio reflete o amor que o Robert tem pela igreja e seu Senhor. O pai dele, Martin Johannes Blümel, foi pastor na Comunidade do Redentor (um belo templo de estilo gótico de 1894, próximo ao centro histórico de Curitiba) e na Comunidade Melanchton, no bairro Boqueirão (também em Curitiba), entre as décadas de 60 e 70. A dedicação que Robert tem pela igreja vem de berço. Quando ele me pergu

Natividade de John Donne

Cena da Natividade, por Joseph Kastner (1844 - 1923), na Igreja do Redentor (Erlöserkirche), em Viena (Áustria) NATIVIDADE | John Donne Tradução de Lawrence Flores e Marcus de Martini: A imensidade toda em teu ventre divino Abandona já o amado confinamento, Ali, a fim de ser possível seu intento, Surge neste mundo frágil e franzino. Mas, onde o pouso para ti e teu menino? Deita-o na manjedoura, pois do Oriente vasto Sábios e estrelas virão para que o nefasto Se detenha, o ciúme de Herodes assassino. Vês, minha alma, c’os olhos da fé, como dorme O que tudo preenche, mas ninguém segura? Não é a piedade Dele tão enorme, Para te apiedares na mesma altura? Beija-o e até o Egito siga trilha adentro, Com Sua mãe, que partilha teu sofrimento. FLORES, Lawrence; MARTINI, Marcus de. Traduzindo La Corona , de John Donne. Revista Letras , São Paulo, v.49, n.1, p.29-46, jan./jun. 2009. Disponível em: http://seer.fclar.unesp.br/letras/article/view/1747. Acesso em: 21.dez.2017. Tradução de Afonso F

Werkelijk vrij: een boodschap die "viraal" ging.

MEDITATIE | OCTOBER 2017 In de maand oktober herdenken we 500 jaar Protestantse Hervorming. Er zijn al veel feestelijkheden en activiteiten gaande op verschillende locaties en ook op de sociale media. Men verwacht dat deze herdenking viraal zal gaan op het internet. Iets gaat viraal, wanneer het zich erg verspreidt via de sociale media en heel populair wordt. U vergist zich als u denkt dat dit fenomeen bestaat sinds de komst van het internet. Volgens het tijdschrift "The Economist" van december 2011 maakten de sociale media vijf eeuwen vóór Facebook de beweging van de Hervorming al populair. Een 'post' van Luther op de deur van de kerk van Wittenberg op 31 oktober 1517 veroorzaakte een ongeziene golf van reacties, zodanig dat binnen vier weken de hele christelijke wereld er kennis van had genomen. Net zoals tegenwoordig met 'likes' en 'retweets' was in de zestiende eeuw het aantal herdrukken een indicatie van de populariteit van een tekst. De

É Primavera!

Todo ano ela vem e volta no ano que vem Vem pra plantar, enfeitar a floresta E toda a natureza entra em festa Passarinhos e abelhinhas Joaninhas e florzinhas perfumadas As crianças nas escolas Comemoram sua chegada Essa é a primeira estrofe da música infantil “Vai e Vem das Estações” dos músicos Paulo Tatit e Sandra Peres (Palavra Cantada), com a participação de Mônica Salmaso e Arnaldo Antunes. É uma bonita descrição da alegria e vitalidade que é a chegada da primavera - a estação das flores, dos aromas e do renascimento da natureza. A estação começa nesta sexta-feira, dia 22, mas uma das minhas flores prediletas, a do ipê amarelo, já estão cobrindo as copas e o solo com sua beleza. Tem uma história curiosa de ipê amarelo que aconteceu a quase 30 anos em Porto Velho, capital de Rondônia. A companhia de eletricidade instalou um poste de energia elétrica feito do tronco do ipê amarelo, mas depois de um tempo aquele tronco criou raízes, brotou e voltou a florescer na primavera. Vo

Ser pai é estar no céu

“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá” (Salmo 127.3) O Ano Novo de 2017 foi simultaneamente alegre e triste para um pai chamado Lamar Austin, nos Estados Unidos. Alegre, porque ele e sua esposa Lindsay tiveram o primeiro bebê do ano na cidade de Concord, capital do estado de New Hampshire. Triste, porque ele foi demitido do emprego porque faltou ao trabalho para levar sua esposa à maternidade e acompanhar o nascimento de seu filho Cainan. Acontece que o Estado em que Lamar vive adota uma lei trabalhista do tipo “emprego a critério” (employment at-will), onde o funcionário pode ser demitido sem justa causa a qualquer momento e por qualquer motivo. Esta é a história de um pai que diante de uma difícil decisão escolheu seguir o seu coração e priorizar a paternidade. E por falar em prioridade, uma lição a esse respeito foi ensinada pelo treinador de um time de basquete da Lituânia. Em maio deste ano, Sarunas Jasikevicius, que treina o Zalgiris Kaunas, liberou o joga

"Jesus anda sobre o mar" por Anne de Vries

Ilustração de Christina Balit (Rock, Lois. Bíblia para crianças: histórias sempre vivas. Sinodal, 2002. p. 11) O Evangelho proposto para este 10º Domingo após Pentecostes é Mateus 14.22-33. Uma reinterpretação maravilhosa dessa narrativa, tanto para crianças e adultos, encontramos em O Grande Livro das Narrações Bíblicas, Novo Testamento (pág. 96-98), de autoria de Anne de Vries , reeditado em 2016 pelo Sínodo das Igrejas Evangélicas Reformadas no Brasil. Anne de Vries Anne de Vries (1904 – 1964) foi um professor e autor holandês muito popular em meados dos anos 1900. Isso mesmo, Anne é um homem. Anne costumava ser um nome epiceno,usado para ambos os sexos. De Vries escreveu com muita habilidade e reverência centenas de histórias bíblicas reunidas no Grande Livro das Narrações Bíblicas, um dos seus maiores projetos. Enquanto a maioria dos autores simplifica e trivializa a história bíblica para crianças, De Vries expande a narrativa bíblica, expressando emoções implíc

Avós são pais com açúcar

“Os netos são a coroa dos idosos; o orgulho dos filhos são os seus pais.” (Provérbios 17.6) Em 1990 a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 1º de outubro como o Dia Internacional do Idoso. No Japão, onde a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito, a 3ª segunda-feira do mês de setembro é um feriado nacional em que se comemora o Dia do Respeito ao Idoso. Os mais jovens deveriam sempre levar em consideração os sábios e experientes conselhos dos mais velhos. Muitos tiveram ou ainda têm na pessoa dos avós a personificação desta sabedoria. No último dia 26 de julho comemoramos o Dia dos Avós. Quase sempre retratados como velhinhos de cabelos brancos em cadeiras de balanço, os avós de hoje já não se enquadram mais numa faixa etária específica. Isso se soma a uma transformação que vem ocorrendo no perfil das famílias. A expectativa de vida aumentou. Os casais têm filhos muito cedo, quando ainda estão estudando ou galgando na carreira profissional. As mães também estão trabalhan

Mãos frias, coração quente, amor ardente

Parece que o frio finalmente mostrou sua face gélida em nossa região. Enquanto escrevo este texto, o celular está marcando cinco graus em Itararé. Na madrugada a temperatura ficou abaixo de zero. Por outro lado, o noticiário internacional está mostrando as ondas de calor no hemisfério norte que dificultam a luta contra o fogo que atinge Portugal, Espanha e EUA. Estas situações de frio e calor lembram as revelações divinas ao apóstolo João no livro do Apocalipse, especialmente a mensagem dirigida à igreja em Laodiceia: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.” (Ap 3.15-16) É bem verdade que o frio em alguns lugares está de “congelar a alma”, mas muitas vezes é um frio de outra natureza que toma conta de nossos corações. Uma frieza no amor a Deus e ao próximo. Uma frieza na fé e nas obras. O apóstolo Tiago escreveu em sua Carta:

Quebrando o silêncio

Tem um ditado que diz que “uma palavra vale uma moeda de ouro, mas o silêncio vale duas”. Há momentos que o silêncio vale mais que mil palavras. Mas a sabedoria bíblica ensina que há “tempo de calar e tempo de falar” (Eclesiastes 3.7). Saber quando calar e quando falar é uma arte das mais difíceis do mundo. Falamos coisas impróprias quando deveríamos ficar quieto. Silenciamos quando não deveríamos ser omissos. Somos ligeiros em abrir a boca e diminuir a reputação das pessoas. Somos vagarosos demais em levantar a voz quando vemos alguém ser injustiçado e caluniado. Amós, um profeta do Antigo Testamento, vivenciou esse dilema no seu tempo. O reino de Israel havia expandido seu território e atingido o auge da prosperidade econômica. Apesar de toda grandeza exterior, Amós via que Israel era podre por dentro. A prosperidade escondia a injustiça. Neste contexto, o profeta observa duas coisas sobre o silêncio. Primeiro, que num tempo mau como aquele, o que for prudente guardará silêncio

Geloofsreis door het kerkelijk jaar

Het kerkelijk jaar is een geloofsverklaring die ons op didactische manier de betekenis van de geloofsleer onderwijst. Met Kerst belijden wij de menswording van de Zoon van God. Epifanie verkondigt aan de wereld de twee naturen van Christus, die zich aan de wereld toont als waarlijk God en waarlijk mens. Met Pasen wordt gedacht aan onze verzoening door Christus. Hemelvaart herinnert ons eraan dat wij in Jezus onze menselijke natuur al als onderpand hebben in de hemel. Bij Pinksteren gekomen denken wij aan de persoon van de Heilige Geest en zijn werk, die ons leidt in alle waarheid. Pinksteren, één van de belangrijkste feesten van de christelijke kalender, gedenkt de komst van de Heilige Geest op de volgelingen van Christus. De bijbeltekst vertelt: “In Jeruzalem woonden destijds vrome Joden, die afkomstig waren uit ieder volk op aarde.” (Hand.2:5) Zij waren daar vanwege het wekenfeest dat al voor Jezus’ tijd onder Griekse invloed ‘Pentèkostè’ werd genoemd. Een woord dat “vijftigste”

Nossa vida contraditória

O ser humano é por natureza um ser contraditório. Uma das marcas de nossa existência é a contradição. O apóstolo São Paulo escancara essa dura realidade: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Rm 7.19). Como não nos enxergamos nesse paradoxo? Ninguém, exceto psicopatas, acorda pela manhã desejando fazer o mal. Entretanto, no decorrer do dia percebemos que muitas de nossas ações foram maléficas, não somente para nós, mas também para o nosso próximo. Se realmente nos importamos com nossas ações e, principalmente como elas atingem nosso semelhante, então nos sentimos infelizes por sermos esta pessoa dividida, facilmente levada pelos ventos do narcisismo e do egoísmo. Como discípulos de Cristo, nos sentimos ainda mais frustrados com nossa incapacidade de seguir a lei do amor que ele ensinou. Queremos amar e fazer o bem, mas nos deparamos com a lei de que o mal também está em mim. Temos prazer na lei do Senhor, mas ao mesmo tempo nos sentimos prisioneiros da lei do

Dia dos Namorados

Cada ato criador de Deus no livro bíblico de Gênesis é acompanhado de uma singela constatação do Criador de que tudo que havia feito era bom. O universo foi esta boa obra que passou a existir através de sua Palavra criadora. Como tudo fica mais bonito com flores, Deus plantou um jardim e ainda moldou cuidadosamente um ser humano parecido com ele para cuidar das plantas e animais. Assim era o Paraíso. Tudo era perfeito, não fosse a solidão da única criatura do gênero humano. E assim, a constatação do Criador ainda continua muito atual: “Não é bom que o homem viva sozinho”. Nenhum homem consegue ser uma ilha isolada. Então disse Deus: “Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gênesis 2.18). E, ao ser apresentado à sua companheira, o homem recita os primeiros versos de amor na Bíblia: “Esta, afinal, é ossos dos meus ossos e carne da minha carne!” (Gênesis 2.23). Assim foram feitos um para o outro. O amor estava no ar. Podemos dizer que aquilo que aconte

Domingo da Santíssima Trindade

O Domingo da Santíssima Trindade é uma oportunidade dentro do Ano Eclesiástico de recapitularmos com gratidão o mistério da salvação, que é a obra do Pai através do Filho, no Espírito Santo. O foco da celebração da Trindade não deve ser tanto a respeito da doutrina mas a respeito da venerável adoração, tal como é o foco no Credo Atanasiano: “a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade ... deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade" ( Livro de Concórdia , pág. 20-21). Uma esplêndida exposição da Trindade também encontramos no conhecido hino que o bispo inglês Reginald Heber (1783-1826) escreveu para a celebração da Trindade: Santo! Santo! Santo! Deus onipotente,    [Ap 4.8] cedo de manhã, cantaremos teu louvor.     [Is 26.9] Santo! Santo! Santo! Trino Deus, clemente, és um só Deus, excelso Criador!    [Is 6.3] Santo! Santo! Santo! Clamam os remidos,    [Ap. 4.6,10] entoando salmos diante do Senhor. Honra, glória e bênção r

Pentecostes: a festa do Espírito Santo

"Pentecostes" (1620-1625), Juan Bautista Maíno Neste domingo próximo celebraremos o Pentecostes, uma das festas mais importantes do calendário cristão, que lembra a descida do Espírito Santo sobre os seguidores de Cristo, exatamente 50 dias após a sua ressurreição e 10 dias após a sua ascensão. O texto bíblico conta que naquele dia “havia em Jerusalém judeus, devotos a Deus, vindos de todas as nações do mundo” (At 2.5). Estavam ali por causa da Festa das Semanas, que já antes do tempo de Jesus, em virtude da influência grega, era chamada de Pentecostes, uma palavra que significa “quinquagésimo”, pois era celebrada 50 dias (sete semanas) após a Festa da Páscoa (Lv 23.15,16; Dt 16.9,10). No antigo calendário bíblico esta festa acontecia na colheita dos primeiros frutos (primícias) do trigo (Ex 23.16; 34.22). Também passou-se a recordar a renovação da aliança feita com Noé e mais tarde com Moisés e a entrega da Lei no Monte Sinai. Mas era observada mais como uma festa de a

Cantata de Bach para a Visitação de Maria

Magnífica cantada (BWV 147) que J. S. Bach compôs para a Visitação de Maria, lembrada ontem no calendário cristão. Aqui a regência é do grande maestro alemão Nikolaus Harnoncourt, que faleceu ano passado. A cantata é interpretada pelo Concentus Musicus Wien (fundado por Harnoncourt) e Arnold Schoenberg Choir . No seu livro "O Discurso dos Sons" (Jorge Zahar Editora), Harnoncourt tece uma crítica aos valores de nossa sociedade: "Pagamos preço bem alto por aquilo que nos parece o cômodo, o indispensável; sem nos darmos conta, rejeitamos a intensidade da vida em troca da sedução enganadora do conforto - e aquilo que verdadeiramente perdemos, jamais recuperaremos." Tantas coisas simples da vida, assim como a boa música, nos aproximam do Paraíso!

A ascensão de Jesus

O livro bíblico dos Atos dos Apóstolos relata que depois de ressuscitar, Jesus apareceu aos discípulos “por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus” (At 1.3). Ao final desse tempo, Jesus disse que o Espírito Santo desceria sobre eles. “Tendo dito isto, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia” (At 1.9-10). Hoje, passados 40 dias da Páscoa, a igreja cristã celebra a Ascensão de Jesus, lembrando o dia em que sua aparência visível ficou oculta da vista humana. Diante de muitas circunstâncias dolorosas da vida, somos levados a pensar que se Cristo está lá no céu, ele está ausente de nossa realidade aqui embaixo. Tragédias como a da Inglaterra, nesta semana, trazem a sensação de que não estamos seguros aqui no mundo. Mas não precisamos ir muito longe, quando vivemos uma catástrofe social e política em nossa pátria e em nossas cidades convivemos com o medo e a i

Consolo sublime

Cristo na Cruz com a Virgem e São João (1510) - Albrecht Dürer Eis diante da cruz Maria, mãe de Jesus. Não está só, afinal. A irmã dela e duas amigas, também chamadas de Maria - a mulher de Cléopas e Madalena -, a amparam, enxugando lágrimas, segurando mãos, acolhendo em abraços o corpo cansado da mãe que vê partir o filho com o coração apertado. Mas, da cruz, o menino de Maria, a mãe, as contempla. E vê também o amigo, o discípulo amado. Compadece-se do sofrimento materno e, antes do derradeiro suspiro, concede à mãe enlutada um filho para a amparar e ao amigo querido uma mãe para o amar. Consolo sublime na hora mais dura: receber um filho, ganhar uma mãe. Baseado em João 19.25-27 Fonte : Mãe, Te Amo! São Leopoldo: Ed. Sinodal, 2007. pág. 5.

Raízes e asas: presentes de mãe

  O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Roma que estava certo de que nada pode separar o ser humano do amor de Deus, “ nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura ” (Rm 8.38-39). Pois eu também estou certo de outra coisa. Nada pode nos separar do amor de mãe, nem a distância, nem a vida adulta, nem o casamento, nem alguma outra coisa. A ligação telefônica que recebi de minha mãe na semana passada confirmam isso. Ela se mostrava preocupada com minha saúde e com o tempo que já passou sem visita-la, o que ela também julga importante para uma boa saúde emocional. Comovido por esse amor de mão, fui às lágrimas. Acredito que toda mãe, mesmo após os filhos terem alçado voo na vida, esperam que eles voltem de vez em quando ao ninho. Conta-se que ao indagarem a mãe do pastor Martin Luther King Jr., sobre como havia educado seu filho para uma vi

O Gavião-de-Penacho e o Vira-Bosta

Vários escritores contribuíram com sua arte literária para um livro surpreendente. Transcrevo abaixo o conto do Donaldo Schüler, professor que tanto admiro, do livro Paz: um vôo possível (Izabel Bellini Zielinsky (org.). Porto Alegre: AGE, 2004. p. 63-65): O Gavião-de-Penacho e o Vira-Bosta Donaldo Schüler Um gavião-de-penacho persecutia um ratão-de-riacho. O ratão pediu ajuda a um coelho. O coelho negou. Pediu ajuda a uma perereca. A perereca negou. Pediu ajuda a uma formiga. A formiga negou. Pediu ajuda a um vira-bosta. O vira-bosta disse: - Venha, você é meu hóspede. Veio o gavião-de-penacho e ordenou: - Me dá o ratão! - O vira-bosta respondeu: - Não se aproxime que pisa na bosta. O ratão é meu hóspede. O gavião-de-penacho sem paciência retrucou: - Deixe de fricotes, vira-bosta. E levou o ratão. O vira-bosta, de furioso, virou besta, atacou o ninho do gavião-de-penacho para acabar com a raça do infiel. Encostava o nariz nos ovos como se fossem bolinhas de bosta. Os ovos s

Trabalho: castigo ou vocação?

O dia 1º de maio é um dia para exaltar o Trabalho e o Trabalhador. “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem”, diz o Salmo 128. No entanto, nem sempre as coisas foram vistas dessa maneira na história da humanidade. Na Grécia antiga o trabalho era coisa para os humildes e inferiores ( humiliores ) enquanto o ócio cabia ao os homens livres e honestos ( honestiores ), a ponto de Xenofonte escrever que “as pessoas que se dedicam aos trabalhos manuais nunca são elevadas” e que “a ciência do senhor reduz-se a saber utilizar o seu escravo”. A ideia era que os cidadãos deviam estar livres para cuidar da mente, da beleza e da “coisa pública” (República), cabendo todo o trabalho aos escravos. Também entre cristãos já se viu o trabalho como um castigo e maldição de Deus, devido a suas palavras dirigidas a Adão: “No suor do rosto comerás o teu pão” (Gn 3.19). Na Idade Média, a sociedade era basicamente dividida entre os que governavam, os que oravam e

Liturgia do Silêncio

Li no Hypeness que os "estudos sugerem que a exposição ao silêncio poderia trazer benefícios à saúde, diminuindo os níveis de estresse e aumentando a sensação de relaxamento. Uma pesquisa de 2006 concluiu inclusive que o silêncio seria mais relaxante do que uma “música relaxante”. Mesmo assim, os estudos sobre o assunto são preliminares e, embora ainda não seja definitivo afirmar que o silêncio faça “bem”, já se sabe que ele ao menos é mais vantajoso em termos de saúde do que a exposição prolongada ao barulho." Imediatamente me lembrei do saudoso Rubem Alves, que fazia belas reflexões sobre a dádiva do silêncio. Uma vez, transcrevi aqui um texto dele publicado no jornal . Agora recorro a este singelo texto de seu livro Pensamentos que penso quando não estou pensando (Campinas: Papirus, 2007. p. 13-16):   Liturgia do Silêncio Rubem Alves Muitos anos atrás, passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grands Champs. Eu e algumas