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Mostrando postagens de março, 2017

Verdade

 Poema instigante e maravilhoso do Drummond! VERDADE A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. Carlos Drummond de Andrade

Pé na cova e corpo de fora

O Triunfo da Morte (c. 1562), por Pieter Bruegel, o Velho (c. 1525-1569) Dentre tantos eventos importantes da história, destaco a chamada Peste Negra que, somada a outras pragas, catástrofes sanitárias e guerras, dizimaram boa parte da população da Europa da Idade Média e início da Idade Moderna. A morte era lembrada a todo momento pela peste que assolava cada canto das cidades. Os cronistas e escritores da época descreveram com riqueza de detalhes o flagelo que, diante de tantos mortos, obrigava à abertura de valas comuns. Do mesmo modo, a pintura artística ilustrava de forma irreverente a morte que não poupava ninguém. Assim, são inúmeras as pinturas de diversos artistas, denominadas de “Dança macabra”, que retratam a impiedade da morte a arrastar para o túmulo pessoas de todos os extratos sociais, desde o camponês até o rei. Era como se todos, indistintamente, vivessem com o pé na cova. Uma pintura que sempre me chamou a atenção, tanto por seu significado qu

Falando de morte com crianças

Amanhã, 31 de março, às 15 horas, no Prédio Histórico da UFPR, acontece uma palestra sobre Educação para a Morte com a Profa. Dra. Maria Júlia Kovács, da Universidade de São Paulo. Pena não poder assistir, pois me interesso pela temática. Aproveito para compartilhar um artigo, também muito interessante, da Profa. Maria Júlia Kovács , intitulado " Falando de morte com crianças ", publicano na página do Laboratório de Estudo sobre a Morte do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Eis o artigo:   FALANDO DE MORTE COM CRIANÇAS As perdas e a morte fazem parte do desenvolvimento humano desde o nascimento até o fim da vida. A criança pequena pode viver experiências de morte, mas ainda não sabe que da morte ninguém volta, e que esta acontece com pessoas queridas (pais, avós, amiguinhos, animais de estimação). Por isto são importantes esclarecimentos e a acolhida dos sentimentos. Os adultos familiares (pais, tios, avós, professores) são modelos para crianç

Ele não gosta de ler!

Compartilho o texto do Prof. Leandro Karnal sobre leitura, publicado hoje (29/03) em sua coluna no Estadão. Eis o texto: Ele não gosta de ler! Meu filho não gosta de ler. A frase é dita com dor nos lares. Na sala de aula, o drama se repete. Você leva um texto que o seduz há anos para a turma, fala dele e... nada. Os alunos continuam indiferentes e o tédio é entrecortado por suspiros lânguidos e consultas ao celular. Só quem deu aulas para adolescentes sabe da cara de natureza-morta que alguns conseguem. Como fazer alguém tornar-se um bom leitor? Vou começar com uma aparente heresia: ler não é fundamental para ser feliz. Duvida? Recomendo uma terapia de choque: frequente uma reunião de departamento de qualquer centro de humanas. Lá encontrarão pessoas que fazem da leitura seu dia a dia, seu ganha-pão e sua vocação. Examinem o ambiente e as frases por meia hora e retornem aos lares: eis uma vacina poderosa e permanente para evitar a associação entre livros e alegria existencial. Ler

De overwinning van het leven op de dood.

MEDITATIE | APRIL 2017 In de jaren `80 en `90 hield punkrock de jongelui, die zich rebels en revolutionair tegen de sociale problemen wilden afzetten, bezig. Een band uit São Paulo, genaamd ‘Olho Seco’, verwoordde het typische nihilisme van die beweging, die uitging van de dood van de hoop en de zin van het leven, als volgt: "Hoop ontplofte in meer dan duizend stukjes. Met haar vervloog mijn toekomst, liet me als een wrak achter. Begraaf me, begraaf me. Ik ben dood! Dood!" Vaak voelen we ons zo: dood! Het is niet een echte dood, maar het is even verlammend, wanneer de zin van het leven lijkt te zijn verdwenen en wanneer je hoop en je dromen in rook lijken te vervliegen. Dan lijken we net "levend-doden", bedekt door de duistere aanwezigheid van existentiële leegte. Op een dag werd Jezus geconfronteerd met de wrede realiteit van de dood van zijn vriend Lazarus, die al vier dagen daarvoor begraven was en reeds stonk. De mensheid leeft als in de toestand van Laza

A carne é fraca

As notícias da mais nova operação desencadeada pela Polícia Federal causaram um impacto estrondoso, trazendo à tona o escândalo da comercialização de carne podre, adulterada ou contaminada com bactérias. Todo esse esquema assustador era mantido com propinas pagas àqueles que legislam e fiscalizam. A partir daí vieram uma enxurrada de outras notícias desagradáveis: as autoridades de vigilância sanitária já encontraram paçoca com substâncias tóxica, arroz com excremento de roedores, canela em pó e extrato de tomate com pelos de roedor. Impossível não ficar com a confiança abalada diante destas revelações. A confiança sempre foi um elemento facilitador das trocas e do comércio, em que as partes envolvidas buscam benefício mútuo. A confiança e boa-fé requer honestidade e sinceridade na compra e venda de um produto de qualidade por um preço justo. No entanto, em cada época e lugar houveram pessoas gananciosas que enganaram, trapacearam e roubaram para ganhar dinheiro fácil à custa da

Metamorfose

Onde moramos tem uma linda e altiva palmeira que está tomada por bichinhos conhecidos como “lagarta das palmeiras”. Devido à extinção de alguns pássaros predadores, a natureza não consegue de manter o controle das lagartas por meio da cadeia alimentar. Para a palmeira continuar exuberante, exterminamos tantas lagartas quanto conseguimos. Tudo em vão! As lagartas que conseguimos esmagar eram as que já haviam abandonado a palmeira, após terem se alimentado o suficiente das folhas. Agora no solo, ao nosso alcance, elas estavam procurando um local para formar uma crisálida. Constatamos que nossa ingrata tarefa não contribuiu para preservar a palmeira. O que conseguimos foi, na verdade, interromper um ciclo que resultaria em belas borboletas de cor marrom e laranja. Aquelas lagartas feias e nojentas se transformaram em belas e graúdas borboletas! O melhor, mais belo e milagroso estaria por vir. Na Grécia antiga, borboletas foram vistas como uma metáfora da vida humana, uma ilustração

Abençoa, Senhor, as mulheres!

A comemoração do Dia Internacional da Mulher em 8 de março aponta para diferentes origens históricas. O que todas estas histórias têm em comum é a luta de mulheres operárias por melhores condições de trabalho. Com o passar do tempo esta data foi sendo perfumada e adoçada com flores e bombons, mas celebrá-la significa trazer à memória as lutas e conquistas de um universo feminino nem sempre reconhecido, quase sempre ignorado. É enorme a brilhante constelação de mulheres batalhadoras e piedosas de todas as épocas e lugares, sobre as quais graciosamente repousa a luz da verdade. Poderíamos apontar, como estrelas de primeira grandeza, a virgem Maria, de cuja carne e sangue o eterno Deus tornou-se verdadeiro homem; a respeitável Ana, cuja avançada idade não a impediu de reconhecer a Glória Excelsa envolta em trajes de bebê naquele Templo; as consagradas “Marias”, cujo serviço alegre e abnegado a um Mestre sem-teto foi recompensado com o primeiro vislumbre do Salvador ressuscitado; a ho