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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Quem anda pela cabeça dos outros é piolho

Final de janeiro e início de fevereiro, não somente os filhos, mas também os pais começam a se preparar para mais um ano letivo. Hoje, uma das preocupações dos pais é o material escolar, que todo ano fica mais caro. Mas houve um tempo em que o que deixava os pais de cabelo em pé de verdade era o fato de que ao voltarem às aulas, voltariam também os piolhos na cabeça dos filhos. Para acabar com o coça-coça, as mães passavam de tudo no cabelo, mas o método mais eficaz, e também mais dolorido e chato, ainda era passar aquele pente fino nos cabelos. Igualmente terrível para uma criança era a “catação” de lêndeas e piolhos por horas intermináveis, quando poderia estar brincando. Tem um ditado popular que diz: “Quem anda pela cabeça dos outros é piolho”. Visto que a família exerce um papel primordial na educação, que abrange princípios de vida e de ética, disciplina e orientação espiritual, quando os filhos passam a exibir valores diferentes daqueles que aprendeu em casa, cert

Pegue uma cebola

por Rubem Alves Pegue uma cebola e corte no meio. Então olhe bem para ela com olhos de criança. Se você não sabe o que é o olhar de uma criança, leia o poeta Alberto Caeiro para aprender... Uma paciente minha, dos tempos em que eu exercia a psicanálise, olhou com olhos de criança para uma cebola cortada ao meio e ficou tão espantada com o que viu que pensou que estava ficando louca. Uma cebola cortada é mesmo um espanto. Pablo Neruda, olhando para uma cebola, escreveu: "Rosa de água com escamas de cristal...". Agora, figure que uma cebola cortada é um modelo do mundo. Bem no centro, lá onde o primeiro anel é tão pequeno que não chegou a ser anel, ponha uma criança. Imagine que os anéis são os mundos que ela precisa conhecer para viver. Mas não é possível comer o que está longe. Não é possível pular anéis. Só se pode comer o quarto anel depois que se comeu o primeiro, o segundo e o terceiro anéis. A cebola cortada me sugeriu a forma como o primeiro currículo deveria ser

O que sai da boca vem do coração

Dizem que a nossa palavra “saudade” seria intraduzível para outra língua. Também tem uma palavrinha holandesa igualmente impossível de traduzir para outro idioma: chama-se “ plimpplamppletteren ” a façanha de atirar uma pedra na água e fazê-la pular (quicar) várias vezes antes de afundar. O plimpplamppletteren exige toda uma técnica: a pedra deve ser achatada e atirada num ângulo de 20 graus, mais ou menos. Cada pulinho produz ondinhas que continuam por um tempo mesmo depois da pedra desaparecer. Às vezes nossas palavras são como estas pedrinhas atiradas na água, pois uma vez pronunciadas têm a capacidade de continuar produzindo efeitos, para o bem ou para o mal. Neste caso não é necessário técnica ou habilidade. Nem precisa falar, basta uma publicação no Facebook ou WhatsApp para se verificar o poder de propagação que as palavras adquirem. Em tempos de redes sociais e de postagens virais, que escapam ao controle de quem as lançou, as palavras também podem se tornar virais no ou