Pular para o conteúdo principal

Abençoa, Senhor, as mulheres!


A comemoração do Dia Internacional da Mulher em 8 de março aponta para diferentes origens históricas. O que todas estas histórias têm em comum é a luta de mulheres operárias por melhores condições de trabalho. Com o passar do tempo esta data foi sendo perfumada e adoçada com flores e bombons, mas celebrá-la significa trazer à memória as lutas e conquistas de um universo feminino nem sempre reconhecido, quase sempre ignorado.

É enorme a brilhante constelação de mulheres batalhadoras e piedosas de todas as épocas e lugares, sobre as quais graciosamente repousa a luz da verdade. Poderíamos apontar, como estrelas de primeira grandeza, a virgem Maria, de cuja carne e sangue o eterno Deus tornou-se verdadeiro homem; a respeitável Ana, cuja avançada idade não a impediu de reconhecer a Glória Excelsa envolta em trajes de bebê naquele Templo; as consagradas “Marias”, cujo serviço alegre e abnegado a um Mestre sem-teto foi recompensado com o primeiro vislumbre do Salvador ressuscitado; a hospitaleira Lídia, a qual “o Senhor lhe abriu o coração”, bem como as “não poucas mulheres distintas” de Tessalônica, receptoras atenciosas da Palavra da Salvação.

No entanto, igualmente reluzentes nesta constelação, e não menos devotas e batalhadoras, são todas as mulheres com as quais convivemos em nossos lares, trabalhos e igrejas, que lutam por melhores condições de vida para si e suas famílias. Com esta Bênção das Mulheres, do livro de Jane Dwyer e Tea Frigerio, Palavra na Vida 205 (Centro de Estudos Bíblicos), desejamos que sejam sempre concedidas a todas as mulheres a abundância das graças divinas:

Que o Deus de Eva te ensine a discernir entre o bem e o mal.
Que o Deus de Agar te console e a todas as mulheres que se sentem sozinhas no deserto da vida.
Que o Deus de Miriam te faça instrumento de libertação.
Que o Deus de Débora te conceda a audácia e a coragem de lutar pela justiça
Que o Deus de Ester te conceda fortaleza para enfrentar os poderosos em favor do povo exilado.
Que o Deus de Maria de Nazaré abra teu coração para que possas receber com alegria a semente Daquele que vive para sempre.
Que Jesus, que falou à Samaritana tudo o que ela tinha feito, te faça evangelizadora do teu povo.
Jesus, que curou a mulher encurvada, te libere juntamente com todas as mulheres oprimidas pelas tradições religiosas e culturais.
Jesus, que deixou ungir a cabeça por uma mulher, te conceda ser profetiza para reconhece-lo como Senhor e Messias.
Jesus, o amigo de Maria Madalena, te envie e, como sua apóstola, possas anunciar a mensagem de libertação a todos os povos.
Que o Espírito te consagre para que, em Jesus Cristo, possas anunciar Boas-Notícias aos pobres e a liberdade aos presos.
Em nome de Deus que é, que era e que sempre será conosco e com seu povo. Amém.

Publicado no Jornal O Guarani, nº 2498 – 10 a 16/03/2017 (Itararé, SP)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O testamento do Cachorro

Hoje, Quarta-feira de Cinzas, procurando alguma coisa interessante pra relaxar e assistir, me deparei com o Ariano Suassuna na TV Senado. Era umas 22 horas, o programa já havia começado a algum tempo, mas peguei muita coisa boa e pérolas valiosas do escritor. Trata-se de uma aula-espetáculo que fora realizada em Junho de 2013, na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de Brasília (DF). Depois do programa, acabei explorando na rede muita coisa que o Suassuna falou, partindo de sua fala de que não cria mas copia. Copia o que o provo brasileiro traz. Aí vem as histórias contadas, os muitos cordéis que se perdem no tempo. Procurando a história do enterro do cachorro de um antigo folheto de literatura de cordel - que o próprio Suassuna atribui a fundamentação de “O Auto da Compadecida” -, me deparei com Leandro Gomes de Barros, um grande poeta da literatura de cordel, nascido no sertão da Paraíba, e que viveu de 1865 a 1918. A história do testamento do cachorro é parte do folheto "O d

Mãos frias, coração quente, amor ardente

Parece que o frio finalmente mostrou sua face gélida em nossa região. Enquanto escrevo este texto, o celular está marcando cinco graus em Itararé. Na madrugada a temperatura ficou abaixo de zero. Por outro lado, o noticiário internacional está mostrando as ondas de calor no hemisfério norte que dificultam a luta contra o fogo que atinge Portugal, Espanha e EUA. Estas situações de frio e calor lembram as revelações divinas ao apóstolo João no livro do Apocalipse, especialmente a mensagem dirigida à igreja em Laodiceia: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.” (Ap 3.15-16) É bem verdade que o frio em alguns lugares está de “congelar a alma”, mas muitas vezes é um frio de outra natureza que toma conta de nossos corações. Uma frieza no amor a Deus e ao próximo. Uma frieza na fé e nas obras. O apóstolo Tiago escreveu em sua Carta:

Noite de São João para além do muro do meu quintal

NOITE DE S. JOÃO PARA ALÉM DO MURO DO MEU QUINTAL Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) Noite de S. João para além do muro do meu quintal. Do lado de cá, eu sem noite de S. João. Porque há S. João onde o festejam. Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite, Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. E um grito casual de quem não sabe que eu existo. PESSOA, Fernando. Alberto Caeiro: poemas completos . São Paulo: Nobel, 2008. p. 136 São João, de Di Cavalcanti, 1969 (Óleo sobre tela) E a música do Vitor Ramil inspirada no poema do Fernando Pessoa : NOITE DE SÃO JOÃO Vitor Ramil (Ramilonga, 1997) Poema de Fernando Pessoa Noite de São João Noite de São João Para além do muro do meu quintal Noite de São João Noite de São João Para além do muro do meu quintal Do lado de cá, eu Do lado de cá, eu Do lado de cá, eu Sem noite de São João Do lado de cá, eu Do lado de cá, eu Do lado de cá, eu Sem noite de São João Porque há São João Onde o festejam