Cada ato criador de Deus no livro bíblico de Gênesis é acompanhado de uma singela constatação do Criador de que tudo que havia feito era bom. O universo foi esta boa obra que passou a existir através de sua Palavra criadora. Como tudo fica mais bonito com flores, Deus plantou um jardim e ainda moldou cuidadosamente um ser humano parecido com ele para cuidar das plantas e animais. Assim era o Paraíso. Tudo era perfeito, não fosse a solidão da única criatura do gênero humano. E assim, a constatação do Criador ainda continua muito atual: “Não é bom que o homem viva sozinho”. Nenhum homem consegue ser uma ilha isolada. Então disse Deus: “Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gênesis 2.18). E, ao ser apresentado à sua companheira, o homem recita os primeiros versos de amor na Bíblia: “Esta, afinal, é ossos dos meus ossos e carne da minha carne!” (Gênesis 2.23). Assim foram feitos um para o outro. O amor estava no ar.
Podemos dizer que aquilo que aconteceu lá no Paraíso foi paixão à primeira vista. É assim que Deus continua unindo pessoas até hoje, despertando o amor, cultivando carinho e alimentando tudo isso com paixão, de forma que “toda a água dos oceanos não seria suficiente para apagar o fogo do amor; toda a água dos rios seria incapaz de o extinguir” (Cântico dos Cânticos 8.7). A paixão é um sentimento avassalador, por isso mesmo, não é permanente. O organismo do ser humano também precisa ser orientado para outras tarefas que demandam concentração, raciocínio e exatidão, coisas que não acontecem quando se está apaixonado.
Recentemente, pesquisadores apontaram que a paixão dura entre 18 meses e 3 anos. Esse é um tempo em que a paixão atua na aproximação de casais apaixonados, criando vínculos afetivos mais fortes que podem durar toda uma vida. O amor genuíno é o que fica depois que a paixão sossega. A paixão é sentimento divino e tão poderoso como revela o paralelismo bíblico do livro dos Cânticos dos Cânticos: “Que o amor é tão forte como a morte; e como a morte, também a paixão é incontrolável. O fogo ardente do amor é uma chama divina!” (8.6). A paixão é como labaredas intensa de Deus que, ao tocar corações apaixonados, tem o poder de reacender e tornar permanente a chama do amor. Certamente Deus não quer que a paixão acabe depois que os apaixonados decidem “juntar as escovas de dente”. Ele deseja que os casais continuem tendo experiências do Paraíso em seus relacionamentos terrenos.
Para o amor perpetuar nos corações apaixonados, Deus fez o ser humano com um dispositivo da paixão. Os cientistas que pesquisam o cérebro humano também descobriram que esse dispositivo fica no meio da nossa cabeça, numa área chamada de tegmento mesencefálico. Há uma intensa atividade cerebral ali nessa região quando se está apaixonado. Casais que vivem relacionamentos estáveis e duradouros e sentem-se apaixonados são aqueles que certamente propiciam situações que ativam o dispositivo da paixão. Estas situações são os pequenos gestos mágicos e encantadores, as doces e suaves palavras, as agradáveis trocas de olhares e cumplicidade. É pura dádiva de Deus que a paixão e a beleza de um amor nascido no Paraíso permaneçam latentes na vida de tantos pares, resistindo ao tempo e intempéries da vida.
Que Deus abençoe e frutifique o amor em todos os corações apaixonados!
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