Estamos vivendo o clima festivo do Natal. Os lares, igrejas, ruas e praças estão embelezados e iluminados. Assim também está a nossa alma com a maior dádiva que o Natal oferece: o amor de Deus que se tornou carne e tocou a nossa existência humana
Esse amor veio habitar o mundo na pessoa de Jesus Cristo, tornando-se pessoa igual a nós, experimentando os mesmos sofrimentos, choros e alegrias. Mas o dom do Natal é que Jesus nos faz experimentar o amor divinal que torna o nosso coração mais aconchegante e acolhedor que a humilde manjedoura que recebeu Jesus na sua primeira vinda ao mundo. E isto é assunto primordial nesta época do ano.
Enquanto muitas pessoas se alegram, muitas outras são tocadas pelo sofrimento e a tristeza de trágicos acontecimentos e lembranças. Natal traz esse paradoxo. A própria mãe do Senhor o experimentou. Quando o velho sacerdote Simeão segurou o Menino Deus nos seus braços e abençoou a sagrada família, também disse à bem-aventurada Maria que “uma espada atravessaria sua alma” (Lucas 2.35).
Este fim de 2016 nos trouxe um sofrimento coletivo indizível com a catástrofe do voo 2933 da Chapecoense, nos dando uma prova concreta de que também vivemos num vale de lágrimas e de que a vida humana nesse mundo é marcada pela dor, sofrimento e finitude. A espada do sofrimento e da tristeza tende a se tornar mais intensa nesta época do ano em que todos se reúnem, mas de repente falta aquela pessoa que já morreu, que está longe ou que se separou da família. Por isso, dezembro não é somente mês de “boas festas”, mas também é mês das depressões. Predomina uma atmosfera de festa e comemoração, mas tem muita gente que, por algum ou outro motivo, está triste e solitária na sua dor. Neste clima tão contraditório, o amor de Deus em Cristo nos convida a se alegar com os que se alegram e chorar com os que choram (Romanos 12.5).
O Natal, com seus sentimentos contraditórios, questiona a vida que estamos levando para nós e para o nosso próximo. Será que que o amor divino celebrado no Natal tem sido a razão de nossa curta existência e da atenção que dedicamos àqueles que Deus coloca nas nossas vidas para serem alvos do seu amor, através de nós? Hoje é o dia de amar, de acolher e viver intensamente o dom de Deus do Natal, antes que chegue o dia em que não dá mais tempo e com ele o arrependimento pela oportunidade desperdiçada e desprezada. Muita gente guarda o amor e a acolhida para depois da formatura, do casamento, da casa nova, da promoção, da aposentadoria, mas o amor e acolhida de Deus são conjugados no tempo presente. “Não se preocupem com o amanhã”, disse Jesus (Mateus 6.34).
Abramos nossos corações e acolhamos àqueles que necessitam experimentar o amor de Deus encarnado através do nosso abraço aconchegante. O seu Natal e o deles terá muito mais sentido.
Feliz e abençoado Natal de Jesus!
Publicado no Jornal O Guarani, nº 2490 – 23 a 29/12/2016 (Itararé, SP)
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