Tanto se fala sobre os tumultos em Londres nos meios de comunicação e pouco se tem refletido sobre as causas de tais manifestações. Nesse aspecto, uma análise mais ampliada e esclarecedora é a fala do sociólogo Silvio Caccia Bava. No entanto, alguns veículos tendem a desacreditar qualquer opinião que transfira a culpabilidade para outras esferas e, quando um entrevistado coloca algumas variáveis importantes na equação, a situação fica embaraçosa. É o que aconteceu quando o ativista, um senhor negro de 68 anos, chamado Darcus Howe era entrevistado pela âncora Fiona Armstrong da BBC News no dia 09 de agosto de 2011.
A entrevista teve grande repercussão na internet e a emissora recebeu muitas reclamações de telespectadores dizendo que Armstrong foi “rude” durante a entrevista, levando a BBC a pedir desculpas por qualquer ofensa causada na entrevista, em virtude da “questão mal formulada” e que não tinha a intenção de desrespeitar o entrevistado. Diante de uma entrevistadora que parece perder o controle da situação, Howe oferece um vislumbre raro e sem retoques do que se passa na cabeça dos jovens da periferia e um testemunho vívido dos maus-tratos recorrentes da polícia sobre seus filhos e netos. E quando Howe diz que não chama os acontecimentos em sua comunidade de “motim”, mas de “insurreição das massas populares”? Ah, isso é demais para as nossas cabecinhas... No mais, a entrevista talvez seja reveladora da inconformidade de uma gente acostumada a ter a palavra tolhida, silenciada. Podemos aprender desse episódio que também é bom ouvir o contraditório para não cair no perigo de se conhecer apenas um lado de uma história, como diz a escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
O vídeo da entrevista em questão, amplamente difundido com os títulos “London Riots. The BBC will never replay this. Send it out.” foi objeto de debate na edição do Jornal da Cultura de 12/08/2011, apresentado por Maria Cristina Poli, com a participação dos cientistas políticos Glenda Mezarobba e Carlos Novaes. Vale a pena assistir.
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